O RPV (Requisição de Pequeno Valor) é uma das formas de pagamento das condenações judiciais no Brasil.
Criado com a intenção de agilizar o recebimento de valores menores, o RPV está presente no processo de execução de sentenças onde o valor da condenação é inferior a um limite estipulado pela legislação vigente.
Para os advogados, entender o funcionamento do RPV é essencial, tanto para orientar seus clientes quanto para otimizar a execução das ações em que são contratados.
Neste artigo, explico o que é o RPV, como ele funciona, quem tem direito a receber esse valor, qual o valor atual de uma RPV e o tempo de espera para o pagamento. Acompanhe a explicação e saiba como gerenciar esse processo de forma eficiente.
O que é RPV e como funciona?
O RPV é uma requisição judicial que possibilita o pagamento de valores de pequenas causas de forma mais rápida, sem a necessidade de uma execução de sentença mais complexa.
Quando o valor da condenação é inferior a um limite determinado, o juiz pode emitir o RPV, que permite que a parte vencedora do processo tenha acesso ao dinheiro de forma mais célere.
Ele é utilizado principalmente em ações cíveis e trabalhistas, proporcionando uma solução para os processos com valores mais baixos.
A principal vantagem do RPV é a agilidade. Em vez de esperar longos prazos ou a expedição de precatórios, que podem demorar anos para serem pagos, o RPV garante que o pagamento seja feito de forma mais rápida.
O processo é simplificado, o que contribui para reduzir a burocracia e facilitar o cumprimento da sentença.
O RPV não se aplica a todas as ações, mas apenas àquelas cujo valor da condenação não ultrapassa o teto determinado pela legislação.
Para o advogado, conhecer esse limite é crucial para orientar seus clientes sobre as expectativas de pagamento, o que pode ser um diferencial importante na hora de planejar a execução da sentença.
Qual o valor da RPV hoje?
O valor do RPV varia de acordo com a legislação de cada estado e também com a área da justiça onde a causa tramita.
Para a Justiça Federal, por exemplo, o teto do RPV é de 60 salários mínimos. Caso a condenação seja inferior a esse valor, a parte pode solicitar o levantamento via RPV.
Em ações na Justiça Estadual, o valor também varia conforme o estado, mas a média está próxima dos 40 a 60 salários mínimos.
Vale lembrar que esse valor pode ser alterado periodicamente, de acordo com a mudança no valor do salário mínimo ou com novas regulamentações da Justiça. Portanto, é fundamental que o advogado esteja sempre atualizado sobre o limite do RPV em sua jurisdição para fornecer as orientações corretas aos seus clientes.
Por exemplo, se um cliente ganhou uma ação trabalhista com um valor de condenação de R$ 5.000,00, que é inferior ao teto de 60 salários mínimos, ele pode solicitar o pagamento via RPV.
Já em uma causa com valor superior a esse teto, o advogado precisará considerar outra forma de pagamento, como o precatório, que segue um processo diferente e mais demorado.
Quem tem direito a receber o RPV?
Qualquer pessoa que tenha vencido uma ação judicial e cuja condenação seja de um valor inferior ao teto do RPV pode solicitar o pagamento dessa quantia. Isso inclui tanto pessoas físicas quanto jurídicas, desde que se enquadrem nas condições para o pagamento do RPV, ou seja, com valores dentro do limite estipulado.
Em termos práticos, quem recebe o RPV é a parte vencedora do processo. Pode ser um trabalhador que ganhou uma ação contra seu empregador, um consumidor que obteve sucesso em uma ação de indenização ou uma empresa que obteve ganho de causa em uma ação cível.
O advogado, como representante legal da parte vencedora, pode atuar diretamente para solicitar o levantamento do RPV.
Isso é particularmente importante para aqueles profissionais que atuam com causas em que o pagamento do valor da condenação está abaixo do limite do RPV, pois podem agilizar a liberação dos valores para o cliente.
Quanto tempo demora para receber o RPV?
O tempo para receber um RPV varia de acordo com a jurisdição e os procedimentos específicos de cada tribunal.
Em geral, o prazo para o pagamento de um RPV é bem mais curto do que o de um precatório.
Enquanto os precatórios podem levar anos para serem pagos, o RPV é destinado a garantir uma solução mais rápida para as partes envolvidas.
Após a expedição do RPV, o pagamento pode ser feito em até 60 dias, dependendo do tribunal. Em alguns casos, esse tempo pode ser menor, mas é importante que o advogado oriente seu cliente sobre a necessidade de aguardar a liberação do valor, que ocorre após a decisão judicial definitiva e a expedição da ordem de pagamento.
O processo de recebimento do RPV é bem mais ágil que o precatório, uma vez que ele dispensa os procedimentos burocráticos e as etapas que envolvem o Tribunal de Contas e o orçamento público, no caso de precatórios.
Isso significa que, dependendo da localidade, o valor pode ser liberado diretamente na conta bancária do beneficiário, evitando longas esperas.
Para advogados, entender o tempo de execução do RPV é essencial para gerir as expectativas do cliente.
Como o pagamento é mais célere, o advogado pode planejar melhor o acompanhamento do processo e assegurar que seu cliente tenha o valor disponível o mais rápido possível.
Como solicitar o RPV?
A solicitação do RPV é feita diretamente pelo advogado, como parte da execução de uma sentença transitada em julgado.
Uma vez que o valor da condenação for abaixo do teto estipulado, o advogado pode formalizar o pedido ao juiz responsável pelo processo.
O procedimento varia conforme o tribunal, mas geralmente envolve a petição do advogado solicitando a expedição do RPV.
O pedido deve ser feito após o trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando não houver mais possibilidades de recurso.
O advogado deve estar atento aos prazos processuais e aos procedimentos exigidos pelo tribunal para garantir que a solicitação seja feita dentro do prazo adequado.
Em seguida, o juiz, ao acatar o pedido, emite a ordem de pagamento, que é enviada para o banco responsável pela liberação do valor.
A partir daí, o cliente ou o advogado (caso este tenha procuração para tanto) pode realizar o saque do RPV.
Considerações importantes sobre o RPV
Embora o RPV seja uma ferramenta poderosa para a agilização do pagamento de pequenas condenações, ele deve ser manejado com cuidado.
O advogado deve garantir que o valor da condenação esteja dentro do limite do RPV e que todos os documentos necessários sejam apresentados para a solicitação.
Outro ponto importante é a transparência com o cliente. O advogado deve deixar claro para o cliente as implicações do recebimento via RPV, como o tempo de espera, o valor que será pago e a forma de levantamento do montante.
Isso ajuda a evitar frustrações e a garantir que ambas as partes estejam alinhadas quanto às expectativas do processo.
Ademais, é importante que o advogado esteja atento às mudanças legislativas que podem alterar os valores dos tetos para a solicitação de RPVs.
A atualização constante sobre os valores e prazos de RPV é essencial para que o advogado possa fornecer o melhor serviço possível a seus clientes.
Agilidade e praticidade com o RPV
O RPV é uma ferramenta que proporciona mais agilidade e praticidade para o recebimento de valores de condenação, principalmente em ações cíveis e trabalhistas de pequeno valor.
Para os advogados, entender o funcionamento do RPV, os valores aplicáveis, e como realizar a solicitação corretamente é essencial para otimizar o processo de execução e garantir que seus clientes recebam seus direitos de maneira rápida e eficiente.
Essa forma de pagamento se destaca pela sua simplicidade e rapidez em relação a outros tipos de pagamento judicial, como os precatórios.
Assim, a atuação do advogado na solicitação do RPV é fundamental para garantir que os clientes tenham seus direitos cumpridos de forma mais célere, sem as longas esperas que muitos processos judiciais costumam envolver.
Arthur Rizk Stuhr Coradazzi é advogado especializado em Direito Trabalhista, atualmente General Counsel da Pro Solutti, com ampla experiência em gestão e estratégia empresarial em escritórios como Pipek Advogados, Siqueira Castro – Advogados, e Rayes & Fagundes Advogados Associados.